segunda-feira, 4 de junho de 2012

NACIONAL: MAL DE CHAGAS ATINGE REGIÃO NORTE DO PAÍS

Embora o Brasil tenha reduzido de forma drástica os números de contágio do mal de Chagas nas últimas décadas, entre 150 e 200 novos casos ainda são registrados anualmente. Mais de 95% ocorrem em apenas dois Estados: Pará e Amapá, sendo o processamento de açaí e outros alimentos o principal foco de contágio.

Os dados são do Ministério da Saúde, que aponta elementos da cultura alimentar nortista, como as frutas, sucos e o alto consumo de açaí in natura como fatores de difícil controle.

As condições inadequadas de processamento e preparo de alimentos fazem com que o inseto barbeiro contamine a população do norte do País.

De acordo com o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a doença está controlada nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, e há casos raros no Nordeste.

No Norte, condições inadequadas de processamento e preparo de alimentos fazem com que o inseto barbeiro (Triatoma infestans e suas variáveis) ou suas fezes contendo o parasita Trypanosoma cruzi sejam ingeridas, levando à contaminação. "O inseto acaba caindo em máquinas de processamento de alimentos, como moedores de cana. Frutas que não são esterilizadas da forma correta também podem ter fezes contaminadas", diz João Carlos Pinto Dias, membro do Comitê de Doenças Tropicais Neglicenciadas da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Pinto Dias, que também atua como pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e tem mais de 220 artigos científicos e sete livros publicados sobre o assunto, diz que o Nordeste ainda abriga alguns resquícios de incidência do barbeiro, mas que a maior preocupação é com o Pará, no Norte.

Segundo o Ministério da Saúde, o açaí é o principal problema, e o governo já montou um esquema de normatização sobre a esterilização da fruta, que inclui procedimentos simples como a fervura da polpa, mas ainda há resistência nas comunidades locais. Embora o Brasil tenha reduzido o número de novos casos anuais de Doença de Chagas de 150 mil nos anos 1970 para cerca de 150 a 200 atualmente, não se pode falar em erradicação.

Fonte: Diário do Nordeste