VEJA NA INTEGRA A MATÉRIA PUBLICADA NO DIÁRIO DO NORDESTE NO DIA 23 DE MAIO DE 2010. REPORTAGEM PREMIADA PELA QUALIDADE E IMPORTÂNCIA QUE GANHANDO O PREMIO COMO O DO BNB E SEBRAE DE JORNALISMO:
MÃOS QUE FAZEM HISTÓRIA: NATURALMENTE BELA.

Trabalha na agricultura familiar, na colheita de acerola orgânica, cuida da casa, dos dois filhos, do marido, cria galinhas e participa de coral. É ainda missionária da Igreja Católica e engajada na luta pela reforma agrária e por melhorias no Assentamento Valparaíso, em Tianguá, na Serra da Ibiapaba, onde mora.

Como se não bastasse, criou e coordena, desde 2007, o Grupo Grãos da Terra, responsável pela produção de biojoias. Toda a matéria-prima, segundo Patrícia, vem da natureza, e é colhida pelas participantes no próprio assentamento. Com as artesãs, incluindo a sua mãe, Hilda, ela tenta encontrar uma forma de driblar a falta de dinheiro e extravasar a capacidade de criação. Para isso, recorre a sementes de várias espécies e a fibras do coco e croá.
A ligação com o artesanato começou por acaso. Após frequentar um curso de atendimento comercial, em Tianguá, quis presentear a instrutora do Sebrae. Então, elaborou um colar, usando o que dispunha em casa, tamarindo e madeira: "Quando dei, a professora quase não acreditou que eu tinha feito aquela peça sem ter nenhum curso". Desse incentivo, veio a ideia da produção de forma organizada, surgindo, em 2007, o Grupo Grãos da Terra.

Com tanta dedicação e pouco dinheiro, Patrícia também colhe acerola. Pelo serviço, ganha R$ 0,30, por quilo. Às vezes, consegue apurar na quinzena R$ 180,00, isso se for nos períodos da manhã e tarde.
Criada pela avó, Maria do Livramento, e vivendo próximo da mãe, sempre desejou conhecer o pai. Até que, em 2008, conseguiu, enfim, encontrá-lo.

Precoce em tudo, deixou a escola na quarta série. "Quando a gente é nova, não pensa", reconhece. Aos 14 anos, juntou-se ao agricultor José Maria da Silva, na época com 28. "Há seis, sou casada no padre. Temos dois filhos maravilhosos, Mateus, 10, e Elaine, 6", conta. A família mora numa casa de seis cômodos, conquistada no assentamento, que fica a 18 quilômetros de Tianguá.
Estudos

Recentemente, Patrícia ingressou no EJA (Educação de Jovens e Adultos). Já estava na oitava série, contudo, desistiu porque as aulas eram durante o dia. Ainda pretende retomar os estudos para completar o Ensino Fundamental, Médio e, quem sabe, cursar uma faculdade. "O meu sonho é tocar teclado e estudar música ou design", revela com entusiasmo.
Enquanto não realiza as aspirações, participa, aos sábados, do coral da Igreja São José, com o qual se apresenta na missa mensal da comunidade. "A gente canta no seco", diz, justificando a ausência de instrumentos. Nessa hora, sua veia artística aflora mais uma vez.
FRAGMENTOS
A fértil imaginação das agricultoras

Criado em 1989 e com 73 famílias, o assentamento Valparaíso apresenta paisagem árida. "Já plantamos algumas mudas e vamos fazer mais, transformando aqui num paraíso de verdade. Além de as árvores nos serem úteis, temos a preocupação ecológica", diz a coordenadora Patrícia Sousa. Da própria terra, elas retiram sementes de pau-brasil, acácia roxa, sabonete, flamboiã, tamarindo, jucá, bambu, babaçu e lírio, entre outras, além do bambu e fibras do croá e coco. Como a produção ainda é pequena, o Grupo só ganha para pagar as despesas e se manter.

Também contam com o apoio do Sebrae e, recentemente, aprovaram um projeto no Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecop), pelo qual está sendo construído o prédio com áreas de produção, escritório e exposição dos produtos. Além desses espaços, haverá um museu sobre a conquista da terra.
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