Em 11 anos (2000-2010), 2.662 escolas particulares da educação básica fecharam no Ceará – uma média de 242 por ano, conforme o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE), com base em dados do Ministério da Educação (Mec).
O encerramento das atividades dos tradicionais colégios Marista Cearense, Dorotéias e Estella Maris, por exemplo, são casos clássicos da volatilidade deste competitivo setor.
Cerca de 2,4 milhões de alunos estiveram matriculados no Estado, em 2010. Desses, cerca de 410 mil eram de 1.680 escolas particulares, o que representa 17% do total de estudantes.
O mercado de ensino costuma não fornecer informações sobre investimentos ou resultados financeiros, mas é possível constatar crescimento ou retração das instituições. Enquanto umas adquirem novas sedes e ampliam o número de alunos, outras deixam de funcionar ou são vendidas.
Em 2011, o que mais chamou a atenção foi o fim da Organização Educacional Evolutivo, após 31 anos de atuação e tendo chegado a matricular 15 mil alunos em um mesmo ano. O POVO abordou o assunto em duas matérias seguidas, respectivamente, em 29 e 30 de novembro. Mas porque a mortalidade de colégios é tão alta? O presidente do Sinepe-CE, professor Airton de Almeida Oliveira, analisa que há problemas ligados à gestão.
“Boa parte dos diretores de escola tem uma formação pedagógica, não administrativa. Outro complicador é que usam mais o coração do que a razão, vão muito na política de desconto. O bom empreendedor é para saber qual o desconto que pode dar, senão a escola entra em declínio”, afirma.
Inadimplência
Desde 1999, com a sanção da Lei nº 9.870, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, não é permitido aplicar penalidades pedagógicas ao aluno com mensalidades atrasadas. A inadimplência também é apontada como motivo para resultados insatisfatórios das escolas.
“Não existe atividade nenhuma que você leve o produto e não tenha a garantia de não receber”, critica o presidente do sindicato. Aprofundando-se no assunto, Oliveira argumenta que a inadimplência não é por “picaretagem”, mas, sim, pela origem pobre dos estudantes. Em 2010, o calote chegou a 15%, em média. “A maioria são alunos de baixa renda, mas não querem estar na rede pública. O Ceará é reconhecido por ter boas escolas e bons alunos. A inadimplência é um fato”, diz.
Fonte: O Povo
Foto: Sara Maia
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