A quadra chuvosa de 2013 será razoável, com “pingos aqui e ali”, e
deve começar tarde: só entre o final de fevereiro e o início de março. É
a previsão dos “profetas da chuva”, sertanejos que tocam há 17 anos a
tradição de prenunciar a chegada da estação chuvosa. No último fim de
semana, 35 dos “videntes” da seca estiveram reunidos em Quixadá, no
Sertão Central, para o XVII Encontro dos Profetas da Chuva.
Para
as previsões, eles apostam na leitura de diversos sinais da natureza –
como os hábitos de plantas, insetos e outros animais. Uma análise comum,
conforme explica a organização do evento, consiste em observar a
quantidade de água acumulada no galho da carnaúba.
No evento
deste ano, a maioria dos videntes defendeu tese moderada, mas houve quem
fosse mais otimista. Baseado na grande produção de mel das abelhas do
semiárido, um dos profetas arrisca o palpite de fortes chuvas para 2013.
“As abelhas só produzem mel nessa época quando se preparam para
sobreviver a um inverno particularmente duro”, esclarece.
Existem,
por outro lado, aqueles mais pessimistas. Um dos profetas, por exemplo,
prevê um ano de estiagem prolongada, pois as formigas da região estão
retirando palhas de dentro dos formigueiros. “Isso é um sinal negativo.
Se viesse um bom inverno, elas estariam estocando”, esclarece a
organização do encontro.
Expectativa
Neste
ano, o clima entre os sertanejos era de expectativa na hora da
exposição dos prenúncios. Tudo por conta das últimas previsões para a
quadra chuvosa de 2012, a maioria frustradas. Na ocasião, a maioria dos
profetas anunciou um bom inverno, em ano que depois ficou marcado por
seca prolongada no semiárido.
Embora não sejam respaldadas
pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) -
órgão oficial do Governo do Estado para previsões meteorológicas -, as
previsões dos profetas da chuva são referência respeitada e aguardada
por milhares de pequenos agricultores e até empresários do agronegócio.
O
prognóstico oficial da Funceme para as chuvas deste ano deverá sair em
23 de fevereiro. Até lá, a crença dos profetas é mais que bem vinda
entre os que vivenciam a nem sempre otimista realidade do semiárido.
Fonte: O Povo