A taxa de homicídio de negros no Ceará é três vezes superior à de não
negros, segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA)
na véspera do Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira
(20). Segundo a pesquisa do instituto, a taxa de homicídio de negros no
estado é de 30,3, enquanto a de outras etnias é de 10,7.
O dado significa que a morte violenta atinge 30 de cada 100 mil negros no Ceará; já a população não negra sofre 10 homicídios para cada grupo de 100 mil pessoas.
O estudo “Vidas Perdidas e Racismo no Brasil” calculou os impactos de
mortes violentas (acidentes de trânsito, homicídio, suicídio) na
expectativa de vida de negro e não negros, com base no Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM/MS) e no Censo Demográfico do IBGE de
2010.
O dado revela “disparidade econômica, demográfica e racismo, segundo os
autores da pesquisa, Daniel Cerqueira, e de Rodrigo Leandro de Moura,
da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV). De acordo com os autores, “o
componente de racismo não pode ser rejeitado para explicar o diferencial
de vitimização por homicídios entre homens negros e não negros no
país”.
“Enquanto a simples contagem da taxa de mortos por ações violentas não
leva em conta o momento em que se deu a vitimização, a perda de
expectativa de vida é tanto maior quanto mais jovem for a vítima. Em
segundo lugar, a expectativa de vida ao nascer é um dos principais
indicadores associados ao desenvolvimento socioeconômico dos países”,
explica o texto da pesquisa.
Fonte: G1 CE
