imagem: Nasa
Calor extremo e seca no Sudeste brasileiro. Nevascas e frio intenso
na costa leste dos Estados Unidos. Ondas de calor no Alasca e na China
em pleno inverno. Enchentes na Inglaterra. Temperaturas escaldantes e
incêndios florestais por toda a Austrália. Tudo isso acontecendo ao
mesmo tempo; e não é por acaso, segundo os meteorologistas.
"Todos
esses eventos estão conectados dentro de um sistema climático global",
disse ao Estado a pesquisadora Maria Assunção da Silva Dias, do
Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da
Universidade de São Paulo. Um sistema que, segundo ela - e a esmagadora
maioria dos cientistas - está sendo alterado pelo acúmulo de gases do
efeito estufa lançados na atmosfera pelo homem nos últimos 150 anos.
Treze
dos 14 anos mais quentes já registrados pelo homem ocorreram nos
últimos 14 anos, com a exceção de 1998. O ano passado foi o sexto mais
quente. E o clima de 2014 parece ter começado fora dos trilhos também,
com eventos extremos de temperatura e precipitação - para mais ou para
menos - espalhados por todos os continentes.
O foco dessas
perturbações atuais, segundo Assunção, está do outro lado do mundo. Mais
especificamente no norte da Austrália e no sul da Indonésia, onde está
chovendo muito, e na região central do Oceano Pacífico, onde está
chovendo pouco.
Isso altera os padrões das correntes de
jato (ventos fortes de altitude) nos dois hemisférios; o que altera os
padrões de chuva típicos desta época, tornando o tempo extremamente
estável e persistente em regiões de latitudes mais altas. O clima parece
que "estacionou" nessas regiões, intensificando todos os efeitos. Um
cenário que demonstra claramente como as mudanças climáticas são um
problema global, que afetará todos os países, independentemente de sua
posição geográfica ou situação econômica, dizem os especialistas.
Os
modelos globais de previsão climática variam bastante entre si, mas
todos preveem um aumento na ocorrência de eventos climáticos extremos
nas próximas décadas, por causa do aquecimento global. "Os extremos vão
ficar mais intensos e ocorrer com mais frequência", resume Assunção.
O que está acontecendo agora, portanto, é exatamente o que
os cientistas do clima preveem que começará a ocorrer com mais
frequência daqui para a frente. Estabelecer uma relação direta de causa e
efeito entre o aquecimento global e um evento climático qualquer,
porém, é extremamente difícil.
Fonte: Estadao.com