terça-feira, 26 de agosto de 2014

CEARENSE EX-ALUNA DE ESCOLA PÚBLICA GANHA BOLSA DE ESTÁGIO EM UNIVERSIDADE DA FRANÇA

Michelle Ferreira Maia nasceu em Fortaleza e estudou em escolas públicas do Interior do Ceará
Com 30 anos e cursando doutorado na Universidade Federal da Grande Dourados, no Mato Grosso do Sul, a cearense Michelle Ferreira Maia tinha tudo para não entrar na faculdade. Morando em uma periferia de São Benedito, 332,4 km de Fortaleza, a filha de uma agricultora com um mecânico estudou em escolas públicas do Interior do Ceará e chegou a trabalhar como vendedora e recepcionista. 

Com poucos recursos, ela hoje se orgulha de ter concluído a graduação de Licenciatura em História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), em Sobral. Agora, mais uma conquista foi alcançada e a doutoranda embarca para Paris no próximo dia 28, após receber uma bolsa de estágio na École Des Hautes Ètudes em Sciences Sociales, na França.

Para ela, a diferença gritante com o ensino particular foi superada com muito estudo e dedicação. “Eu era aluna da Escola de Ensino Fundamental e Médio João Batista Brandão e entrei na UVA em 2005. O que eu digo para quem quer se destacar é sempre enfrentar as dificuldade com a cabeça erguida. Encontrei muitas portas fechadas, mas insisti até elas abrirem”, relembra. 


A bolsa é de três meses e Michelle vai atuar no Centro de Investigação e Estudos do Brasil Colonial Contemporâneo (CRBC). Ela voltou para Fortaleza, cidade onde nasceu, nesta semana, e acredita que a oportunidade "vai trazer uma discussão multidisciplinar sobre os milagreiros e assombrações do Ceará, pois o Centro é polo de pesquisas sobre a religiosidade brasileira".

“O meu lema como aluna é buscar conhecimento e cultura, acreditando que a educação é sempre o melhor caminho. E que é possível driblar as dificuldades encontradas no percurso”, defende a doutoranda. 
Pesquisa 

Segundo Michelle, a tese “Do estribo ao chão, Deus dá a salvação: Milagreiros e Assombrações no Ceará no Século XX” trata dos costumes, práticas e saberes sobre como lidar com a morte, além de investigar as previsões sobre os destinos da alma no interior do Ceará. 

"Os milagreiros foram transformados em santos populares, recebendo manifestações de devoção em torno de seus túmulos. Além disso, abordo as assombrações, representadas aqui por um conjunto de narrativas que tratam a aparição de almas que regressam para assombrar seus familiares", pontua Michelle.

Fonte: O Povo