O primeiro dia das provas do Enem não saiu como o planejado para três jovens em Rio Grande, no Sul do Rio Grande do Sul. A comerciária Cira Saraiva, de 36 anos, e as estudantes Juliana Andrade e Emile Madruga, de 19, afirmam que não realizaram o exame devido a um erro na inscrição. Segundo elas, que são cristãs, constava no cadastro que elas eram sabatistas, e teriam de esperar seis horas confinadas até receber a folha com as questões.
Se elas fossem sabatistas, teriam de ‘guardar o sábado’, ou seja, não realizar atividades em sábados antes do pôr-do-sol. Assim, teriam de ficar confinadas no local da prova, o campus da Universidade Federal de Rio Grande (Furg) até as 19h30, quando, enfim, poderiam responder às questões. As provas no estado começaram às 13h, e elas não quiseram ficar seis horas esperando dentro o campus. Porém, elas garantem que não são adeptas da crença.
Cira, diz ter viajado da zona rural de São José do Norte até Rio Grande para fazer a prova. Ao chegar à sala, demorou a entender porque não poderia fazer a prova a partir das 13h. "Fui colocada em uma sala de adventistas (religião em que parte dos fieis guardam o sábado). Uma moça disse que percebeu que eu não era adventista porque usava joias", contou.
Evangélica, Emile garante que informou ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) que não era sabatista. "Me ligaram, e eu respondi que não era. Aí houve este constrangimento. Eu cheguei à sala e escutei todo mundo dizendo que ficaria até as 19h", declarou a estudante.
Por ser católica, Juliana disse que sequer foi questionada se guardava o sábado. Sem o Ensino Médio completo, ela terá de esperar mais um ano para obter o certificado. "Vim eliminar algumas matérias pendentes, para depois fazer uma faculdade, Cheguei lá e fiquei esperando na sala. Nem me falaram nada. Só soube que teria de esperar porque encontrei as gurias", lamentou.
As estudantes optaram por não esperar, pois não haviam se preparado para o confinamento, e ficariam se alimentar por pelo menos oito horas – seis durante a espera e outras duas do tempo mínimo para realizar as provas.
A coordenação do Enem na Furg pediu para que Cira, Juliane e Emile assinassem um termo de desistência. Elas se negaram, e receberam um comprovante de que estavam no local na hora do fechamento das portas.
Fonte: G1.com