quarta-feira, 1 de junho de 2011

PICAPES: CONDUZA COM "MÃOS DE SEDA"



O vídeo acima mostra uma tragédia ocorrida no interior do estado de Alagoas. O jovem motorista, um empresário de 32 anos, foi "arremessado" da Hilux que dirigia enquanto terminava uma manobra chamada "cavalo de pau". Como estava sem cinto de segurança, e nessas condições o air bag não tem utilidade, caiu no chão sem vida.

Hilux em teste por uma revista europeia

Há quase um ano escrevi um texto para o blog Notícias Automotivas sobre os cuidados que devemos ter ao dirigirmos picapes médias, como Hilux, S10, Frontier, L200, e grandes, como D20 e F-250. Na verdade, todos os carros construídos sobre chassi (se inclui aqui as vans como Sprinter, Ducato e cia) precisam ser conduzidos com maior atenção e cuidado.



Chassi
Monobloco

Para quem não entente, chassi é a planaforma na qual as picapes, caminhões e ônibus são montados. É formado basicamente por dois perfis de aço. Existe desde os primeiros automóveis e suas vantagens são resistência para carga, manutenção e reparos facilitados. Suas desvantagens são peso e inflexibilidade que não permite um assoalho baixo e nem uma eficiente zona de deformação programada, que é uma parte da dianteira preparada para absorver impactos. Os carros menores usam monobloco, onde o "chassi" é formado por teto, laterais e assoalho. O monobloco surgiu na década de 1930 pelas mãos da marca Lancia italiana, e hoje está na maioria dos automóveis atuais, incluindo utilitários como Land Rover Discovery, Range Rover e Pajero Full, e picapes como a Honda Ridgeline americana.

A primeira Hilux: surgiu em 1968 para ser um transporte de cargas


Vou pegar como exemplo a própria picape da Toyota, que apesar de ser igual às concorrentes em termos de fabricação, é a mais famosa. Ela foi desenvolvida para transportar carga e com o tempo foi ganhando luxo a pedido dos compradores. Hoje ela é moderna, confortável e bonita, mas continua com o mesmo propósito: transportar carga. Por isso a sua suspensão traseira é resistente, mas antiquada e dura, pois usa eixo rígido e feixe de molas. Para compensar, a dianteira é mais macia. Essa diferença na calibração das suspensões dianteira e traseira já causa um grande desequilíbrio.

Note que os assentos (linhas vermelhas) são próximos do piso (linha amarela). Problema comum em picapes, causa desconforto a todos os ocupantes.


Aí vem a questão dos seus pneus, de perfil muito alto. Pneus com essa característica tendem a "dobrar" quando o carro está em curvas, pois possuem laterias macias (em prol do conforto ao rodar). O tamanho do perfil está indicado no número após a barra (255/70 R15) e representa um percentual em relação à largura, mostrada antes da barra. Quanto menor o perfil, mais segurança nas curvas e menos conforto em pistos irregulares.

Outra questão, em relação ao veículo, é o seu centro de massa elevado, já que o chassi está muito alto em relação ao solo. Tudo isso (suspensão arcaica, pneus macios e centro de massa) resulta em grande inclinação nas curvas e instabilidade em altas velocidades. E é por tudo isso que as picapes são quase incontroláveis em situações críticas como desvios e frenagens de emergência.



Para amenizar esses problemas inerentes ao tipo de construção das picapes, a Volkswagen usa na Amarok Highline pneus 255/60 R18 e um sistema de controle eletrônico de estabilidade (ESP), que infelizmente é opcional. A Toyota europeia oferece para a Hilux pneus de perfil mais baixo e ESP de série, coisas que a produção argentina deveria incluir ao menos na versão SRV.

Infelizmente o chassi continuará em nossas picapes por muito tempo. A solução é partir para outras categorias, forçar a inclusão do ESP como item de série ou dirigir com muito cuidado e não ceder a direção para pessoas inexperientes como o alagoano.

Honda Ridgeline com monobloco: um porta-malas debaixo da caçamba, algo impossível com o chassi



Link do NA: Cuidados adicionais são exigidos ao dirigirmos pickups

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