Animais de fazendas da cidade de Crateús, a 354 km de Fortaleza, morrem
devido à seca na região, considerada uma das piores dos últimos 40 anos.
A situação é relatada por quem vive e quem passa na região do Sertão de
Crateús. De acordo com produtor rural Jefferson Alves Bezerra, 32, os
animais passam sede e fome e nenhuma ajuda do governo estadual chega aos
pequenos produtores do município. "Os bois estão fracos e, muitos,
quase não se levantam. Há alguns que até parecem estar chorando. Dá para
perceber que escorrem lágrimas dos olhos dos bichos", afirma.
Segundo o Ministério da Integração Nacional, atualmente, 178 municípios do Ceará
estão em situação de emergência por causa da estiagem, entre eles está
Crateús. Apenas seis cidades do estado não constam na lista do governo.
Segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
(Funceme), divulgado em janeiro, a probabilidade é de 45% de chuvas
abaixo da média.
O drama do interior do estado é visto também por quem está só de
passagem nesse cenário. ''Os bois agonizam enquanto os parasitas os
devoram ainda com vida. Os criadores estão entrando em depressão e
boiadas inteiras estão sendo dizimadas”, conta o fotógrafo Wellington
Macedo.
'Lágrima'
A secreção no olho do gado magro que dramatiza a situação em Crateús
e parece ser um “choro”, um
pedido de socorro é consequência da
estiagem, segundo o veterinário Amorim Sobreira, da Agência de
Defesa
Agropecuária do Estado do Ceará (Adagri). Para o especialista, a lágrima
pode ter duas causas.
“Do ponto de vista fisiológico, a secreção pode ser um lacrimejamento
natural pelo qual o organismo tenta compensar a 'secura' do ambiente.
Por outro lado, indo para o lado patológico, podemos estar diante de um
processo inicial de conjuntivite provocada também pela poeira do
ambiente”, explica.
Fonte: G1 CE