Os sistemas de freio dos carros evoluíram bastante desde o século passado. Deixaram de atuar apenas nas rodas traseiras e passaram a agir também nas dianteiras, de modo a compensar a rolagem transversal da carroceria. Depois trocaram os tambores pelos discos, menos propensos ao superaquecimento (que reduz consideravelmente a eficiência), e ganharam dispositivos auxiliares como servofreio, ABS, distribuidor de força de frenagem (EBD) e assistente de frenagem de emergência (BAS).
Os sistemas das motos também receberam modificações semelhantes, como o freio integral, o disco, o sistema hidráulico (que multiplica a força aplicada pelo piloto), o ABS e o EBD. Contudo, grande parte das motos possui o mais arcaico dos sistemas em produção: com tambores, cabo e varão e sem auxílio de fluídos ou dispositivos eletrônicos. Por isso é preciso ter em mente que é preciso entender que a moto exige muito mais do piloto e que é preciso aprender bem mais do que aquilo que ensinam nas autoescolas.
Inteligência, experiência, conhecimento e atenção são itens essenciais de segurança do motociclista. O primeiro depende bastante da educação básica, aquela fornecida pelos pais (principalmente) e pela escola. Os outros três dependem apenas do interesse pessoal, porque qualquer motociclista pode conhecer a própria moto e as leis da física (e de Murphy!), além de manter-se atento enquanto "opera a máquina". Uma dica importante: com todos os equipamentos de segurança e num local afastado de pessoas e coisas, é possível aprender e treinar as reações apenas simulando circunstâncias de risco.
Aqueles mitos de aplicação ideal em cada um dos freios devem ser esquecidos. Não existe fórmula certa, mas apenas as obviedades: freio traseiro sozinho é ineficaz em frenagem emergencial e freio dianteiro sozinho modifica bastante o comportamento da moto na mesma condição, apesar de ser decisivo na eficácia da freada. Os freios devem atuar em conjunto e a força aplicada em cada um deles precisa ser modificada de acordo com as condições de piso, pneu, calibragem, peso (e sua distribuição), clima e velocidade. E é preciso variar a divisão de força numa mesma situação.
Em hipótese alguma o cidadão deve colocar sua segurança sob a responsabilidade do Estado. Mesmo que os sistemas de educação básica e de formação de condutores sejam deficientes e que as estradas sejam ruins, é possível curtir o prazer que as motos dão com o mínimo de segurança. Pilotar bem é uma questão de objetivo pessoal.
P.S.: caso o leitor não tenha notado, a foto mostra um tambor completamente queimado por causa do mau hábito do condutor pilotar com pé no freio.
Artigo escrito por Diego Menezes e publicado em Junho de 2012 no MotoReport, site fundado por ele em 2008.
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