A garotada sabe que, chegando à Vila, terá uma chance de brilhar
Anderson
Santos está há seis meses fora de casa pois ganhou uma oportunidade no Santos F.C. Ele fala de suas lembranças e que gostava de se sentar à mesa com os pais e irmãos para contar
como se saiu em campo, após o treino na escolinha municipal de Tianguá. Estar tão longe de casa e morrendo de saudades é um
preço alto que aceitou pagar para realizar seu sonho: tornar-se um
Menino da Vila.
Assim como este tímido
meia-esquerda, outras dezenas de garotos largaram suas famílias em
outros estados para fazer parte da categoria de base mais valorizada do
Brasil na atualidade. A meta? Seguir os passos de Diego, Robinho, Ganso,
Neymar, e tantos outros que viram brilhar com a
camisa alvinegra.
O Santos atrai uma infinidade de sonhadores. Se
nos anos dourados, o Peixe ia buscar seus craques na várzea da Baixada
ou mesmo na areia da praia, hoje pode se dar ao luxo de abrir suas
portas e apenas esperar a chegada de uma nova promessa. O clube se
tornou porto seguro para quem sonha em ser jogador profissional.
“Todo
garoto que joga bola sabe que o Santos é uma vitrine. Quem não largaria
tudo para estar aqui?”, diz Anderson Santos, agora chamado de "Ceará" no time sub-15 do Peixe.
Vivendo no
alojamento da Vila Belmiro, o jogador está há mais de 3 mil quilômetros
da família, que segue na caatinga cearense torcendo pelo sucesso do
filho pródigo. Se há chance de ter uma recompensa para tantos jogadores
que deixam para trás o convívio familiar, ela é muito maior na Vila
Belmiro, acredita Ceará. Ele e outras dezenas de sonhadores.
Anderson Santos, sub-15 é de Tianguá (CE) e resume bem sua história até aqui:
“Eu
cheguei aqui em outubro de 2013. Jogava numa escolinha da prefeitura de
Tianguá (CE) e surgiu a chance de fazer um teste no Santos. Hoje, moro
no alojamento na Vila com vários moleques. A saudade é difícil. Eu choro
à noite, mas tem de aguentar. Lá na frente sei que serei recompensado.
Meu pai é pedreiro e minha mãe, dona de casa. Eu mando o dinheiro para
os meus pais para ajudar (recebe R$ 1,2 mil). É mais do que meu pai
ganha no serviço de pedreiro. Se Deus quiser, vou virar profissional e
trazer a família para cá.”