O que o povo quer hoje pode não ser bom para o povo amanhã. Essa frase soa natural aos visionários que desejam construir uma cidade melhor, mas é repudiada por quem pensa apenas no agora. E entres estes estão os políticos oportunistas, que não enxergam nada além do próprio mandato ou da sua reeleição.
É preciso ter coragem para impor medidas que trarão benefícios apenas no futuro. Como contratar um plano de previdência privada, que exige pagamentos HOJE e só pode ser usufruído num FUTURO DISTANTE, após anos de sucessivos pagamentos. A perseverança machuca no presente para confortar no futuro. Contudo, não é algo que todos gostam, e por isso medidas dessa natureza são chamadas “impopulares”.
Para os políticos ruins, e até mesmo para boa parte da população menos instruída, o bom é dar “esmola” em vez de emprego, é construir megaestádios para um evento de poucos dias em vez de cuidar da infraestrutura ferroviária, é conceder subsídios para a venda de carros em vez de melhorar o transporte coletivo, é patrocinar o carnaval em vez de melhorar o sistema penitenciário e desmembrar o crime organizado, enfim, é conceder benesses garantem popularidade, ou melhor, garantem reeleição e mais alguns anos de desfrute do dinheiro público.
Collor talvez seja o mais impopular de todos os presidentes que o país já teve, talvez por ter abrido a economia aos produtos importados e reduziu a farra da especulação para fazer a economia girar. Fernando Henrique Cardoso construiu o “invisível” alicerce econômico utilizado pelo Lula, que preferiu o estilo populista e se tornou o “pai Lula”, embora tenha feito pouco pelo futuro, já que a indústria não se tornou mais competitiva, a educação não melhorou – não obstante o aumento de vagas – e a violência está em níveis absurdos.
O povo não apresenta sinais de mudança no que diz respeito a pensar no futuro. As manifestações que aconteceram recentemente não passam de brigas por mudanças no presente e vandalismo escancarado. E o povo nordestino parece inerte diante de problemas que ainda podem ser resolvidos com certa facilidade.
Se os últimos presidentes não pensaram no futuro, o que dizer dos prefeitos? Raríssimas exceções tentaram ou estão tentando agradar a todos e adotar medidas de longo prazo. Mas praticamente nenhum está preparando a cidade para a chegada do transporte coletivo, faz coleta seletiva do lixo ou planeja o crescimento habitacional.
Seria perfeito se os políticos agissem quase como bons pais e mães, que cuidam bem do orçamento familiar, preparam o futuro dos filhos sem esquecer do presente e anteveem crises. Infelizmente não agem assim, e com medo de perder votos são contrários a tudo o que é impopular, mesmo que seja bom pra todos no futuro. O que o povo precisa fazer é parar de pensar apenas no HOJE e começar a planejar o AMANHÃ.
Artigo de Diego Menezes
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