quarta-feira, 21 de maio de 2014

Se constroi um país destruindo-o?



Em Abreu e Lima no Pernambuco pessoas saquearam lojas enquanto a Polícia Militar fazia greve. Em Ribeirão Preto, São Paulo, agricultores precisaram vigiar suas plantações de tomates para que os frutos não sejam roubados. Em outras cidades ônibus são queimados, pessoas são linchadas diante de crianças e torcedores se matam após jogos decisivos. Seriam esses casos representações da revolta da população ou simplesmente o resultado da falta de valores de um grupo expressivo do povo brasileiro?

É assustador imaginar o que pode acontecer de ruim nas manifestações que acontecerão durante a copa. Assustador não porque o evento precisa de respeito – pelo contrário, considerando o quanto custará à nação brasileira (se é que essa nação realmente existe). Assustador porque o povo brasileiro guarda um rancor acumulado que será solto nos próximos dias. Assustador porque o povo é um corpo com vários braços e nenhuma cabeça.

O Brasil pode se transformar numa verdadeira anarquia nos próximos dias, e isso é preocupante. O país que é amigo do mundo, que não tem inimigo e conversa com vermelhos e azuis, poderá ser palco das desgraças causadas por “cidadãos” com sangue quente e movidos pela ira.

É impossível reconstruir um país destruindo-o. O Brasil precisa de mudanças, e não serão os arruaceiros e depredadores os responsáveis por elas. Um país não se muda em apenas um dia, com um toque num botão na urna ou com destruição de agências bancárias e automóveis. Um país se muda todos os dias, com trabalho árduo e esforço. A democracia exige manutenção constante, e mantê-la não é das tarefas mais fáceis.

O que anda acontecendo em várias regiões está mais para falta de valores.

Texto de Diego Menezes



[Referências]
[Foto: Tribuna do Norte]